Talvez você tenha chegado até aqui apenas porque o título lhe atraiu, ou talvez você tenha sido instigado pela curiosidade. Mas se você se identificou com a frase acima, sabe bem do que estamos prestes a falar. Seja bem-vindo a uma postagem que te guiará a uma série de reflexões sobre a vida, a academia, o tempo, mas principalmente sobre você.
A escolha de uma carreira profissional começa no início de nossas vidas quando começamos a descobrir o mundo como ele é. Começamos a nos identificar com coisas a nossa volta, e é aí que disparamos um gatilho interior que refinará nossas afinidades e a magnitude que elas tomam ao longo da vida.
Mas, de fato, somos nós mesmos quem escolhemos o que queremos ser, ou em muitos casos somos condicionados a seguir certos padrões de profissões impostos quando somos crianças?
Lembra daquela pergunta “O que você quer ser quando crescer?”? Então, na maioria das vezes somos induzidos a respondê-la com carreiras que agradam o chamado “status social”. Essas induções podem te impactar pelo resto da vida se você não seguir seus instintos e fazer o que realmente ama.
Se você respondeu que queria ser um cientista, o tempo passou, e você permaneceu firme na escolha, acredite: você superou as imposições e seu instinto falou mais alto. Siga acreditando em você e no seu potencial, mas prepare-se para lutar batalhas ainda maiores.
Quando você decide seguir a carreira de cientista (assim como em outras carreiras) você adquire um pacote de desejos, responsabilidades, sonhos e frustrações que podem te levar aonde você sempre quis chegar, mas também aonde você jamais gostaria de ir. Os caminhos dependerão dos cuidados dedicados ao cientista que habita em você.
O ambiente acadêmico, a começar pela graduação, não é favorável à saúde mental quando você o observa por uma perspectiva psicossocial. É aí que iniciamos uma batalha tremenda contra um sistema que nos cobra números, produtividade e competição.
Manter a sobriedade e leveza nesse trajeto é difícil, exige dedicação, concentração e paciência, porém, não é impossível. Não se deixe levar pelas cobranças excessivas que chegam por todos os lados, siga seu próprio ritmo pois cada um tem uma rota até a chegada. Não existe uma fórmula perfeita para o sucesso, o que existe são pessoas com propósitos diferentes e por vezes comuns.
Se percebeu que está indo por uma rota que não te faz feliz, pare. Dar um passo para trás não significa que você está desistindo de lutar.
Às vezes, é mais sábio descansar, se cuidar, e retomar por outros caminhos, do que seguir fadigado por uma estrada que não te faz feliz.
Não tenha medo, não tenha vergonha, e lembre-se: cada um tem seu ritmo. Não ache que tudo deu errado porque algo te fez parar. A vida é sábia e te fará aprender com teus erros e acertos. Basta você se entregar para ela em plenitude, sem medos excessivos, sem anseios e devaneios, feito um cientista a pesquisar.
Não ache que ser cientista vai te tornar extremamente famoso e reconhecido, não mais deixe que esse pensamento permaneça em você. Grandes descobertas podem e devem acontecer, mas é preciso estar feliz e contente com as pequenas que fazemos todos os dias.
Não deixe os momentos passarem enquanto você apenas observa o futuro. Deguste cada passo que der na caminhada, cada pessoa que estiver ao seu lado, os sorrisos e os abraços. Se alimente de esperança e se sinta motivado, incentive os que te cercam. Seja exemplo de força e perseverança, de dedicação e sabedoria. Mas seja também exemplo de cuidado.
Ser cientista vai muito além de descobrir coisas novas e transformar o mundo. Trata-se principalmente conhecer a si mesmo, suas limitações e fraquezas.
Pensamentos obscuros podem aparecer. A ansiedade, o estresse e a depressão podem bater na porta quando você não conseguir cumprir os prazos, ou quando você não obtiver o retorno que achava que seu esforço merecia.
Mas isso não é o fim do mundo, é mais uma vez a vida te pedindo para parar e cuidar, de você e do outro. Ouça seu eu interior, não tenha vergonha de buscar ajuda quando precisar, e nem de oferecer ajuda para quem precisa. A competitividade sempre existirá, mas não significa que você precisa compactuar com ela.
Se chegar lá na frente e perceber que não atingiu o que queria, recomece. Sem medo. Os caminhos não são finitos e cada vez que os refazemos os olhamos por outras perspectivas, aprendemos coisas novas, nos reinventamos.
Não somos mais os mesmos a cada instante e isso é a dádiva de viver para seguir caminhando, realizando sonhos, ajudando os outros a realizarem os seus. Não deixe que coisas pequenas, preocupações, ansiedade e depressão te tomem o tempo, a sanidade e a paz.
Diego Souza
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