A chegada das vespas asiáticas gigantes nos EUA e Canadá causou pânico em todo o continente americano. Descubra onde a forma de dispersão destas vespas se assemelha à do coronavírus .

Detalhes da cabeça de uma vespa asiática gigante (Vespa mandarinia). Imagem: Gary Alpert (Wikipedia)
As últimas semanas foram intensas: como se não bastasse a tragédia do coronavírus, ainda tivemos que digerir as notícias da chegada das vespas [sic] assassinas no continente americano.
Você recebeu o vídeo da vespa "assassina" criada em laboratório matando um ratinho a ferroadas? Ou daquele youtuber descrevendo a chegada das vespas como "a segunda onda" (?!). Ou, ainda, aquelas fotos de pessoas com várias áreas da pele necrosadas por supostas ferroadas da vespa gigante asiática?
Recebi inúmeras mensagens de pessoas preocupadas com esta vespa, sua dolorida ferroada, e a sua capacidade de matar pessoas e outros animais. Gente, não acreditem em tudo o que vocês recebem pelo what's, facebook e afins. E mais: não compartilhe estas informações. Cheque a fonte e a veracidade das "notícias" antes de compartilhá-las.
No vídeo abaixo, eu esclareço o que é verdade e o que não é sobre as notícias da vespa gigante asiática, conhecida cientificamente como Vespa mandarinia (Hymenoptera: Vespidae).
Falo sobre a detecção dela nos EUA, sobre sua biologia e comportamento, seu potencial predatório (especialmente sobre as amadas abelhas) e do potencial dessa espécie de tornar-se uma praga da apicultura.
No final, falo ainda faço um paralelo entre a chegada e expansão desta espécie no continente americano com a expansão geográfica do #coronavírus (Sars-Cov-2, Covid19). Vale a pena assistir até o final.
Se você quiser saber mais sobre os estudos científicos que cito no vídeo, basta clicar nos links abaixo. Todos os estudos foram publicados em revistas científicas revisadas por pares. Esse é um dos critérios-base da evolução do conhecimento científico. Ele eleva e muito a qualidade da pesquisa científica e diminui as chances de que conclusões não baseadas em evidências sejam divulgadas e compartilhadas.
Se tiver alguma dúvida ou quiser sugerir um tema para o meu próximo vídeo, comenta aqui embaixo. Eu vou adorar te responder.
PS Gratidão ao amigo entomologista Eliaber Barros, especialista em vespas e abelhas, pelos esclarecimentos sobre a vespa Synoeca septentrionalis.
Literatura consultada para confecção do vídeo
1. Paini et al. 2016. Vulnerabilidade de diferentes países à invasão por por pragas.
2. Dainese et al. 2017. Inimigos naturais e a supressão de pragas.
3. Pysek et al. 2017. Espécies invasoras deslocam e levam à extinção de espécies nativas.
4. McLaughlin & Dearden, 2017. Exemplos de invasoras que se tornaram pragas.
5. Ono et al. 1995. Interações entre vespa gigante asiática e abelhas melíferas.
6. McClenaghan et al. 2018. Respostas de abelhas melíferas a feromônios da vespa gigante.
7. Yanagawa et al. 2009. Toxicologia e risco de morte pela ferroada da vespa gigante.
8. Menezes et al. 2011. Synoeca septentrionalis presente no NE e SE do Brasil.
9. Murphy & Breed 2007. Distribuição geográfica da formiga tocandira.
10. Starr 1985. Escala de níveis de dor causados por picadas de insetos.
11. Matsuura, M. 1984. Vespa gigante prefere ninhos em morros e colinas.
12. Parra & Coelho Jr. 2019. Criação de vespas parasitoides para controle de pragas no Brasil.
Comments